quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Esporte, saúde e a crise estrutural do capital

O tema proposto para a Campanha da Fraternidade deste ano nos diz respeito. Trata-se do “Fraternidade e Saúde Pública” e o lema é “Que a saúde se difunda sobre a terra”. Precisamos aproveitar este momento para aprofundar ainda mais o debate sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) e o papel da nossa área de conhecimento neste campo de intervenção.

Durante muitos anos, o paradigma que envolvia o campo da educação física era o conhecido modelo da "aptidão física", que tinha a ausência de doença como critério de indivíduo saudável e propunha a atividade física como elementos potencializador da saúde, sem levar em consideração outros fenômenos sócio-históricos como componentes importantes de uma vida saudável, como lazer, trabalho, educação, habitação, transporte entre outros. Este paradigma ainda tem força no chamado "princípio de vida ativa", que procura vincular as atitudes individuais, no âmbito da atividade física, como potencializador da saúde ou da doença.

O caduco paradigma da aptidão física junto ao "moderno" princípio da vida ativa, vincula(va) o esporte como elemento fundamental nesse processo, já que era uma prática que a maioria das pessoas gosta(va)m de fazer. O mote "Esporte é saúde: pratique", que ficou durante muitos anos sendo vinculados em diferentes redes de TV do país é uma prova da relação mecânica que se estabelecia entre estes dois complexos temáticos e que atualmente ainda se vincula ao pão requentado do "vida ativa".

No entanto, novos ventos sopraram sobre o campo da agora educação física/ciências do esporte e estes nos obrigam a pensar a relação atividade física/esporte/saúde/doença em outras perspectivas teóricas e práticas. Para tanto, precisamos buscar na contradição presente nesses fenômenos o ponto central do debate. As categorias da "realidade" e da "possibilidade" nos ajudam a pensar dialeticamente estes complexos.

E no meu entendimento, a contradição aparece justamente na intenção do governo federal de contingenciar (eufemismo para não dizer cortar) mais de 5 bilhões da pasta da saúde do orçamento para 2012, muito embora, no discurso, o governo apresente um aumento do orçamento em 17% em relação a 2011.


Esses e outros elementos é que nos permitem aprofundar o debate sobre os complexos temáticos apresentados no contexto imediato sem idealizá-los, colocando-os no emaranhado de fatores presentes no movimento do real, na tentativa de se aproximar de uma solução mediada no limite das relações sociometabólicas do capital, que procura solucionar o embate via planos privados de saúde.

A Campanha da Fraternidade é mais uma oportunidade de ampliar, aprofundar e buscar soluções do que há muito o campo crítico progressista  da educação física vem procurando problematizar: o conceito de saúde pública, atrelando ao debate, impelido pelos fatos contemporâneos, a necessária superação do sistema metabólico do capital como horizonte histórico no contexto da sua crise estrutural.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Ciumeira ou verdade verdadeira?

Hoje, pela manhã, procurando acompanhar as notícias sobre a greve da Polícia Militar do nosso estado da Bahia, deparei-me com uma ligação, para o Balanço Geral, de uma suposta trabalhadora do Esporte Clube Bahia, denunciando a falta de pagamento do décimo terceiro e dos salários de dezembro (2011) e janeiro (2012).

Será verdade ou é algum indício de ataque de ciúme de torcedor rubro-negro em função da contratação, pelo seu maior rival, do técnico Paulo Roberto Falcão e do mesmo sustentar o patrocínio da NIKE?

Alguém podia explicar? Procede esta denúncia?

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Sobre arbitragem

A rodada de ontem do campeonato baiano de futebol demonstrou, mais uma vez, o quanto precisamos melhorar a arbitragem dos jogos, tanto em relação ao árbitro principal da partida quanto dos seus auxiliares.


Em dois dos principais jogos, Vitória x Bahia de Feira, no Barradão e Itabuna x Bahia, no Itabunão, os árbitros interferiram diretamente nos resultados da partida.


Como amante do futebol, diante de algumas opiniões destemperadas e apaixonadas de torcedores do Vitória e do Bahia, que analisam unicamente o resultado final e o ganho de três pontos no campeonato, levando ao cabo a máxima imputado ao Gerson, enfatizando que o importante "é levar vantagem em tudo, certo?" Quero deixar minha contribuição ao debate.


Não se trata de comemorar ou não um resultado roubado. Particularmente eu não gosto de comemorar uma partida em que o time pelo qual torço, ganha de forma fraudulenta, seja contra qual adversário for. O que está em debate, ao menos para mim, é a qualidade da arbitragem, a qualificação do espetáculo.

Um país e um Estado que vai sediar dois dos principais eventos internacionais de futebol, Copa das Confederações (2013) e Copa do Mundo (2014), não pode se dar ao luxo de fechar os olhos para tantas arbitrariedades, dentro e fora do campo. Aliás, é bom que se sublinhe, em muito dos conflitos entre torcidas organizadas existem o elemento do baixo nível da arbitragem a fomentar a ira entre torcedores rivais.


Por fim, pergunto: que tal rebaixar o árbitro também para séries B e C? Se um time não vai bem, ele é rebaixado. Que tal um escalte sobre as ações dos árbitros para que ao final do torneio isso também ocorra com àqueles que fizeram "vistas grossas" para lances variados? Encontrei eco sobre este assunto em uma postagem no blog Ponta Pé FC, que questiona: "o que está faltando para que a FIFA e a CBF implementem acompanhamento técnico? Por que não um placar de juízes? Se o cara vai bem apitando séries B e C, ele é promovido para a série A. Se vai mal é rebaixado. Quem decide? Um sistema de méritos técnicos, como cartões mal aplicados, gol mal marcados e/ou anulados e etc".


Fica a sugestão.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Itabua solidária

Faixa no ITABUNÃO, no jogo Itabuna x Bahia em solidariedade aos moradores do PINHEIRINHO, expulsos pela polícia paulista, de suas casas, criminosamente.


Valeu, grapiúnas

Trabalhadores da Fonte Nova em greve

Na quarta-feira (01/02), enquanto notícias e boatos circulavam nas redes sociais sobre a greve da Polícia Militar na Bahia, os trabalhadores da construção pesada e montagem industrial, que trabalham na construção da chamada Nova Arena Fonte Nova, junto ao seu sindicato (SINTEPAV), deflagrava greve.

Na sexta-feira, o movimento já se reuniu para avaliar o andamento e propor ações de luta. A categoria reivindica descontos considerados indevidos nos salários e o atraso no pagamento da cesta básica.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Esporte é o bicho

Afinal de contas, Jogo do Bicho é ou não é contravenção?


A história nos conta que o Jogo do Bicho é uma invenção nacional que surgiu no fim do século XIX. A ideia veio do Barão Drummond, em 1892. Dono de um Zoológico na cidade do Rio de Janeiro, ele estipulava um certo prêmio em dinheiro para o portador do bilhete que tivesse a imagem do bicho do dia, que ficava envolto sob um pano. Ao final do dia o pano era retirado e o portador do bilhete que tivesse a imagem do bicho revelado em seu bilhete, levava uma bolada em dinheiro.


Foi daí que os números deste jogo ficaram associados aos animais do zoológico. Posteriormente, quando o jogo se popularizou, ele se tornou ilegal. Dois foram os motivos alegados: 1) a ausência de pagamento de impostos por parte dos banqueiros de jogo do bicho e 2) sua condição de jogo de azar.


Concordemos ou não com isso, é fato que esta modalidade de aposta é ilegal, consta como contravenção no código penal brasileiro e aqui respondemos a pergunta levantada no início do texto. Mas uma outra aparece e trata de indivíduos que ocupam cargos públicos, como secretarias de governos, e que estão associados ao tal jogo.


Em um certo interior do estado da Bahia, o Secretário de Esportes é sócio do Jogo do Bicho da cidade. Todos sabem e ninguém faz absolutamente nada. E então: Pode um secretário de esportes do município, está associado a uma atividade ilícita?